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domingo, 15 de dezembro de 2013

"Omelete" Stevie Wonder e Jason Mraz em São Paulo | Crítica

Marcelo Jeneci, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso e Criolo também se apresentaram no Circuito Banco do Brasil

stevie-wonderSão Paulo foi a última cidade a receber o Circuito Banco do Brasil, evento itinerante que, ao longo de 2013, passou por Salvador, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro. Em 14 de dezembro, milhares de fãs de música de diversas tribos e idades se juntaram no Campo de Marte para curtir shows que foram do rock nacional ao soul americano, passando pelo rap brasileiro e pela nova MPB.
O festival não deixou a desejar no quesito estrutural. O som das bandas que se apresentavam no Palco Circuito e no Palco Brasil era 
stevie-wonderouvido com clareza em todos os pontos da plateia. A grande oferta de ambulantes e a organização de filas únicas no balcão dos bares contribuíram para evitar o caos do bar lotado, típico de festivais do mesmo porte. Desde o primeiro show do dia (BlackPipe, no Palco Brasil, às 15h15), a música não deu trégua. Quem quisesse dar um tempo tinha a opção de se entreter longe das plateias, em um simulador de carro de Fórmula-1 ou na exposição do artista chinês Cai Guo-Qiang.

jason-mrazArroz de festa

"Eu adoro as pessoas que chegam cedo". Foi assim que Marcelo Jeneci, depois de cantar "Tudo Bem, Tanto Faz", cumprimentou as dezenas de gatos pingados que se aglomeravam na grade do Palco Brasil por volta das 16h30. Acompanhado nos vocais por Isabel Lenza, o músico paulistano tocou pela primeira vez em sua terra natal as faixas de De Graça, último trabalho em estúdio.
As letras densas e a performance teatral de Jeneci fizeram com que o público relevasse o calor de mais de 30oC. "Felicidade" foi entoada de cor e salteado pelos presentes, e Isabel Lenza, perfeitamente afinada, hipnotizou a plateia ao soltar a voz na melancólica "Pra Gente se Desprender".
O casal se mostrou à vontade no palco com "Sorriso Madeira", deixando transparecer o romance presente nos versos "Então vamos ali plantar no seu quintal / Um pé de nós dois". Marcelo Jeneci deixou seu grande recado para o final: "O melhor da vida é de graça, gente!". Encharcou o rosto com um copo d'água, exaltou Nelson Mandela e despediu-se do público ao som da faixa-título de seu último trabalho.
Capital Inicial e Paralamas do Sucesso: bandas experientes empolgam o público com shows repletos de hits
Capital Inicial e Paralamas do Sucesso abriram o Palco Circuito, que mais tarde receberia as atrações internacionais do festival. A banda brasiliense de Dinho Ouro Preto levantou a galera com hits como "À Sua Maneira", "Fátima" e "Natasha". Depois de arriscar um cover de Raimundos ("Mulher de Fases"), fechou o show com a surpreendente "Música Urbana", que havia tempos não figurava no setlist da banda.
Com a entrada dos Paralamas do Sucesso, o público diminuiu o ritmo. Os casais aproveitaram as românticas "Cuide Bem do Seu Amor" e "Lanterna dos Afogados" para dançar coladinho. Herbert Vianna mostrou sua experiência no palco ao não deixar o público perder o pique. Empolgou a galera com a balada "Meu Erro" e fez diferentes gerações dançarem ao som de versões pocket de "Eu Uso Óculos", "Uma Brasileira" e "Lourinha Bombril". Não poderia ter sido mais sincero ao se despedir do público, antes da derradeira "Que País é Esse": "Temos que ir, estamos loucos para ver Stevie Wonder!".

O pop-reggae-jazz de Jason Mraz

Pela terceira vez, o cantor americano Jason Mraz apresentou-se no Brasil. Foi recebido aos gritos ao cumprimentar o público com um português impecável: "Tudo bem, São Paulo? Estou muito feliz em estar aqui". Contrariando a regra, logo de cara apresentou os integrantes de sua banda, em grande parte responsável por segurar o pique da plateia ao longo do show.
O grupo se esforçou para se conectar com o público brasileiro. Emendou a introdução de "Mas que Nada", de Sérgio Mendes, ao hit "The Remedy", cantado em coro pelos fãs. Emplacou solos de metais, dando um ar jazzístico às baladas românticas, e apresentou passinhos coreográficos ensaiados. Mas foi em "Lucky", com a participação da doce Colbie Caillat nos vocais, que a plateia se conectou de vez com o artista. Mraz fechou a apresentação com uma sequência de hits: "I Won't Give Up", "93 Million Miles" e "I'm Yours", esta última com um charme extra: o refrão de "Three Little Birds", de Bob Marley, acompanhado por um jogo de luzes com as três cores jamaicanas.
Vem, família!
Foi só Jason Mraz dar o último acorde no violão para Mc Dan Dan chamar o público de volta para o Palco Brasil: "Vem, família!". Muitos saíram correndo para não perder a entrada de Criolo, que já entoava a introdução de "Mariô". O público foi surpreendido quando, em vez de emplacar o hit, o rapper apresentou a recém-lançada "Duas de Cinco", embalada por um sample de Rodrigo Campos.
Tirando essa novidade, o show de Criolo não foi muito diferente do que ele apresentou pelo país ao longo dos últimos dois anos. O rapper empolgou o público com performances arrebatadoras de "Sucrilhos", "Lion Man" e "Grajauex". Acompanhado por músicos de alto nível, interpretou cada uma delas como se fosse a primeira vez que as cantasse ao público. "Não Existe Amor em SP" e "Linha de Frente", cujas letras a plateia sabe de cor, marcaram presença na setlist.
Por um descuido da organização, Criolo não conseguiu dar o desfecho merecido a sua apresentação. Enquanto o rapper cantava os primeiros versos de "Bogotá", Stevie Wonder deu as caras no Palco Circuito, provocando uma verdadeira debandada do público em direção ao local. Criolo se apressou em terminar a canção e se despediu dos poucos que ficaram até o fim com um breve pedido de desculpas: "Não sabia que Stevie iria se apresentar agora".

Stevie Wonder emociona São Paulo com show em homenagem a Nelson Mandela

A plateia do Palco Circuito se encheu de gente para receber a última atração do festival. Stevie Wonder entrou cantando "How Sweet It Is To Be Loved By You". Interrompeu a música para discursar uma homenagem a Nelson Mandela e para dizer ao público que aquela era uma noite de celebração – o último show de sua turnê pela América Latina. Ao fundo, ainda se ouvia a voz de Criolo, que encerrava sua apresentação no Palco Brasil. Mandela foi tema de mais uma canção, "Keep Our Love Alive", que contou com uma emocionante exibição de fotos da dupla Stevie & Mandela no telão.
Apesar da carga emotiva, o clima era de total descontração. Para cada música que se iniciava, Stevie ensinava um coro à plateia, que o ajudava a não perder o pique. Completamente à vontade no palco, o cantor levantou-se, trocou de instrumento e conversou com banda e público ao longo de todo o show.
Antes de soltar o vozeirão em "Overjoyed", interrompeu a canção para comer um punhado de gengibre. "Faz bem para a garganta", justificou, bem-humorado. Em outro momento, pediu para o público optar entre "Lately" e "Ribbon in the Sky". A última acabou sendo escolhida.
O soul man empolgou o público com suas versões de "The Way You Make Me Feel", de Michael Jackson, e "Waiting in Vain", de Bob Marley. Não se cansou de declarar seu amor à plateia brasileira, que foi ao delírio com a sequência de hits românticos "Ma Cherie Amour", "I Just Called To Say I Love You" e "Isn't She Lovely". Fechou o show com a enérgica "Superstition", deixando o público passar vontade de gastar a sola um pouco mais.

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